Quantos corpos eu visitei, em busca de mim?
“Não é amor. É carência. E a carência tem esse poder de nos fazer aceitar o que não queremos, de acreditar no que não sentimos, de insistir no que já morreu.”
—Marta Medeiros
Hoje eu mergulhei numa lembrança. Não por saudade, mas por consciência…
veio uma lembrança muito forte de um relacionamento que eu tive, que terminou no início desse ano, durou cerca de cinco meses, e não foi amor.
Na verdade, durante o relacionamento, eu acreditava que amasse ela, mas eu era apaixonada pela ideia de namorar alguém, não ela. Até porque eu nunca me vi me casando com ela e durante o nosso relacionamento, inúmeras vezes eu me pegava pensando “a minha futura esposa nunca faria isso comigo.”
Mas hoje, a lembrança não foi sobre como eu e ela não tínhamos nada em comum. Foi sobre carência. Foi sobre um pensamento que me pegou e me fez parar: “Quantos corpos eu visitei, em busca de mim?”
O pensamento sobre o quão carente eu estava a ponto de aceitar coisas que não eram para mim. Um amor que não tinha o cheiro, o gosto, o cuidado que eu gosto… só para ter alguém.
Partindo dessa ideia, eu fiquei horas dentro de mim, me entendendo. Tentando compreender por que eu tive uma relação em que inúmeras palavras me magoavam de alguma forma. Tudo em nome de um amor que eu sabia que não existia ali. Era carência. Era uma vontade de ser amada tão grande que parecia me consumir.
E eu assumo: acho que esse é um dos meus piores defeitos. Um dos meus cortes mais profundos perante a mim mesma.
“Tenho essa sensação de estar sempre procurando algo que eu não sei bem o que é. Talvez seja eu mesma.”
—Caio Fernando Abreu
Por muito tempo ( muito tempo mesmo ) eu tive obsessões, relacionamentos, fiquei completamente obcecada por pessoas sem nem conversar com elas e as vezes, conversando por dois dias ou em relacionamentos de meses com pessoas que não me entendiam, e provavelmente nunca nem leram um livro para entender o meu jeito poético de amar.
Não tinha nada de amor ali. Era só eu… e a minha carência.
Querendo ser amada, querendo ser suprida.
E aceitar isso é doloroso. Aceitar que eu sou uma pessoa carente e que eu tenho que lidar com isso é chato. Afinal, eu não queria ser assim. Mas era como se fosse tão difícil me amar, que enxergar o amor do outro ou ver o outro me amando, fosse a única forma de conseguir me ver.
Era como se eu usasse os olhos do outro para me conhecer.
Gratidão por ter lido até aqui. Espero que esse post tenha tocado algo aí dentro. Se você gosta de mergulhar nesses temas, assina aqui…sempre tem mais vindo.
Uma ótima vida pra você. Com carinho, Menina monólogo 🕯️
af isso é tão real