Escolhi acreditar no amor
Um texto sobre acreditar que a vida te trará o amor que faz seu coração vibrar, mesmo quando tudo diz o contrário.
Durante grande parte da minha infância e adolescência, eu vi os meus pais tendo um relacionamento conturbado, se separando e arrumando outras pessoas que também faziam eles terem um relacionamento conturbado, sabe? Nenhum deles acabou sendo feliz no amor… pelo menos até hoje. Mas eu desejo, todos os dias, que a minha mãe seja muito feliz, porque a minha mãe é puro amor. E eu desejo um amor lindo pra ela, porém os relacionamentos que meus pais coletaram até hoje, eu vejo isso e interpreto como tudo que eu não quero ter.
Eu sou lésbica, e a partir disso já se torna um pouco mais difícil, porque a gente sabe que superar homofobia e conhecer a família é algo difícil, até porque eu quero viver a monotonia da vida, sabe? Eu quero que a minha esposa e eu vá para eventos de família como um casal e o fato da minha família ser um pouco conservadora eu tenho medo disso não acontecer, mesmo sendo assumida.
E traumas de relacionamento passados atormentam. Eu já fui traída. Foi uma coisa extremamente dolorosa, extremamente triste, e eu não quero viver isso nunca mais.
Mas eu assumo que o medo de viver isso de novo é muito, junto com a quebra de confiança, a perda da segurança emocional… essas coisas que acontecem e, aos poucos, vão fazendo a gente criar uma capa. Uma proteção.
Como se fosse um escudo, sabe? Algo que não deixa mais a gente se entregar por inteiro.
Porém, aonde eu quero chegar com esse assunto?? É que, mesmo com relacionamentos até hoje que eu me entreguei demais, eu amei demais, e a pessoa não fez igual, que foi um amor completamente desequilibrado, mesmo com todas essas coisas, todos os dias eu escolho olhar pro amor, sabe? Eu escolho acreditar no amor.
“Quero amar, amar perdidamente.
Amar só por amar: Aqui… além…
Mais este e aquele, o outro e toda a gente…
– Hilda Hilst
Eu não sei… Acho que a ideia de não dançar mais sozinha pelo mundo, de dançar com alguém, dançar com a minha pessoa, me acalma. Quando eu lembro que eu ainda vou me apaixonar, que essa pessoa vai ser o amor da minha vida, que a gente vai viver um romance lindo… Isso me acalma.
Eu quero aquele tipo de amor que, numa quarta-feira qualquer, num dia cansativo, eu possa colocar uma música pra tocar, pegar um vinho e dançar com a minha esposa. A gente pode dançar alguma dança lenta, sem muito ritmo, sem profissionalismo, sabe? Só eu e ela… E eu quero ter só isso com a minha esposa, em um dia qualquer.
Quero me sentir cuidada de um jeito que ninguém nunca me cuidou, me sentir vista. Quero entender ela como ninguém nunca entendeu ela. Que a gente se olhe e tenha interesse até depois de cinco, dez, quinze anos. Que sempre tenha fome uma da outra e deseje uma à outra. Que ainda tenha aquela vontade no olhar.
Quero que a gente tenha uma música que seja nossa. Mas uma música que o universo escolha, não sei… Pode ser a música que estava de fundo no nosso primeiro encontro, pode ser a música que tocou quando a gente deu nosso primeiro beijo… Pode ser a música que, por coincidência, tocou quando a gente estava passando pela orla da praia e, de repente, a gente se encontra em todas as palavras dela.
Eu quero ser aquela exceção que as pessoas veem na rua quando estiverem desistindo do amor e pensam: “Nossa, aquilo ali com certeza é amor. Eu ainda quero um relacionamento daquele.”
Essa vontade, todas essas ideias, esse aglomerado de coisas que eu quero viver com a minha esposa. Só quero que seja eu e ela. Que a gente tenha uma conexão tão profunda que eu nunca precise me traduzir, porque ela me conhece, ela me entende.
Eu não preciso ficar me traduzindo pra ela, sabe? É como nadar no mar bem calmo num dia ensolarado. É tão gostoso e profundo que não me dá vontade de sair. Sem turbulência. Sem dependência. Sem prisão. Quero que seja uma coisa livre e profunda e só nossa.
Aquele tipo de conexão que todo mundo deveria ter. Que todo mundo sonha em ter.
É isso que eu quero.
Gratidão por ter lido até aqui. Se você sentiu algo com esse texto, talvez se identifique com outros que moram por aqui no meu perfil. Te convido a explorar, deixar um comentário, contar o que sentiu. E, se quiser me acompanhar, assina aí…tô sempre deixando escapar umas palavras do coração.
Com carinho,
A menina monólogo.
acho que nunca tive os meus sentimentos tão bem descritos 🤍
seu texto ficou incrível! 🧡🧡