A dor de não ter amigos e o amor de se ter
Eu não sou o tipo de pessoa que tem amigos e, às vezes, isso dói muito. Afinal, quando você cresce sendo (desde muito pequena) aquela pessoa que fica no canto da sala e ninguém se interessa o bastante pra vir conversar, é doloroso. Ainda mais quando você é extremamente introvertida, tem medo de interação social, mas, ao mesmo tempo, sente tanta vontade de conhecer mais sobre as pessoas e ter conexões profundas, sabe?
No decorrer da minha vida, até hoje, acho que a amizade foi sempre um dos tópicos mais ambíguos pra mim. Eu não sei o que é, ter uma amizade. Não é como se eu nunca saísse com amigas, fosse a lugares ou me divertisse. Porém, eu queria aquelas amizades de alma, sabe? Aquela coisa que é tão inevitável, tão abrigo, tão acolhedora, que não importa o que aconteça no mundo ou na sua realidade… você sabe que vai ter o seu melhor amigo, até pra ir com você na sexta-feira comer um pastel com caldo de cana em um dia chuvoso. Ou que vai te ouvir falar todo santo dia sobre o mesmo problema, sem te julgar e sem querer que você pare.
Às vezes, eu acho que conheci muito do amor romântico e muito pouco do amor de amizade.
E eu queria muito essa amizade.
Muito esse amor.
Muito ter amigos…
Amigos de alma mesmo. Porque é solitário demais viver em um mundo onde você não pode contar nada pra ninguém. Queria pessoas com quem eu pudesse ser eu mesma (mesmo quando eu não soubesse quem eu sou) que me ajudassem a ser todas as minhas versões com leveza, com aceitação, com carinho. Seria como ganhar na Mega-Sena.
Um dia, eu estava com um “amigo” e ele me fez acreditar que eu não era interessante o bastante e por isso não tinha amigas. E aquilo me doeu. Doeu tanto que, às vezes, as palavras que ele usou voltam na minha mente como um aviso cruel de que ninguém vai gostar de mim. Porém, agora eu lembro disso e não me afeta tanto. Primeiro, porque eu mudei muito. Segundo, porque naquela época eu já era interessante ( ele só não me conhecia) E terceiro: eu amo ser minha amiga. Então, por que outra pessoa não iria querer também?
Enquanto eu não tenho essas amizades, enquanto não tenho essas pessoas, de alguma forma… estou sendo minha melhor amiga. Então, faça como eu: seja sua melhor amiga.
(E isso não é papo de coach, porque eu também acho esse discurso meio torto.)
É um pedido sincero, vindo de alguém que nunca teve amigos que a conhecesse de verdade, que nunca viveu amizades profundas, que nunca se sentiu verdadeiramente amada por uma amizade. Na verdade… acho que nunca me senti amada por ninguém.
Mas a gente (eu e você, que se identifica) pode começar a se amar. Pode se sentir amada por si mesma. E tá tudo bem.
Eu acredito fielmente que, quando eu for minha melhor amiga da vida, eu vou encontrar uma outra melhor amiga que não seja eu. E aí não vai ser como se eu estivesse completa (porque eu já vou estar completa sozinha ) mas vai ser como se eu estivesse transbordando.
E tudo vai ficar bem.
Porque aí, eu vou ter amigos. Mesmo sendo minha melhor amiga, eu não vou precisar deles pra me sentir viva. Mas vou saber que eles estão ali. Presentes. Reais. E isso já é tanto.
Então faz como eu: pense em ficar completamente completa, pra que, quando seus amigos chegarem, eles só façam você transbordar.